Domingão bonito, céu azul, filho cheio de energia.
Receita básica pra gente ter vontade de sair cedinho de casa, caçar algo legal pra fazer, uma praça para visitar.
E o dia começa bem com café da manhã, minha refeição favorita, feito em algum lugar bacana.
Resolvemos por um café que, desde que mudou de endereço, não tínhamos conseguido experimentar.
Varanda coberta, vista pras árvores de uma praça, cardápio interessante. Nada childfrendly, mas dava pra se esbaldar no suco-lanchinho-natural-pão-de-queijo.
Até que me chega uma família. Mãe, pai e o filho, que devia ter uns 40 anos. Sentam na mesa ao nosso lado e básico, acendem dois cigarrões. DOIS! Pai e filho.
Maridex, ex-fumante, sente o cheirão e me pergunta se estão fumando. Disse que sim. Na hora ele vira pra exercer seu lado cidadão, comunicando às criaturas que ali era proibido fumar, que se tratava de uma lei estadual...
Pausa
Lei Nº 13.541, de 7 de maio de 2009 – A Lei Antifumo
Com a entrada em vigor da nova legislação antifumo, fica proibido fumar em ambientes fechados de uso coletivo como bares, restaurantes, casas noturnas e outros estabelecimentos comerciais. Mesmo os fumódromos em ambientes de trabalho e as áreas reservadas para fumantes em restaurantes ficam proibidas. A nova legislação estabelece ambientes 100% livres do tabaco.
Despausa
O marmanjo-filho em questão olhou de cara feia. O pai (que deveria dar exemplo, creio eu) já começou encrespando, falando alto, mexendo cigarrão pelo ar, gritando que ele podia sim fumar alí.
E a coisa desandou. O filho (quarentão) se sentiu no direito de erguer a voz também. E soltou a pérola mais pérola de todas as pérolas: “Lógico que eu posso fumar aqui. Eu fumo aqui neste mesmo lugar todos os dias, pode perguntar para o dono do café”.
Aí babou, pensei com esta cabecinha que – esquecendo das crianças – aquele lugar é NADA pulmão/cidadão/bom sensofriendly.
E não acaba aí não! Me vira o senhor fumante e solta a pérola mór: “É lógico que eu posso fumar aqui, eles é que não querem”.
Pensei. Com aquela vontade de abrir a boca. Mas só pensei.
Sim, sim, meu senhor. Quero com todas as forças que o senhor continue poluindo o pulmão brand new do meu filhote e estrague por completo o gosto do meu café da manhã com essa fumaceira desgraçada.
Quero. Quero mais é que o senhor enfie esse cigarrinho no piiiiiiiiii. E aceso, de preferência.
Toda ofendida com cidadania e direito alheios, a família da fumaça se levantou da mesa e saiu, gesticulando e sendo mal educada como escolheu ser.
Acabou? Nãaaaao. Fomos questionar a garçonete se estávamos errados.
Pausa
Aliás, governo faz tanta propaganda com a tal da Lei Antifumo, que completou 1 ano neste mês, é assunto tão batido pela mídia, que até poderíamos estar enganados.
Despausa
Ela disse que as pessoas fumam ali sim, sempre, mesmo com o cartaz de PROIBIDO FUMAR NESTE LOCAL DE ACORDO COM A LEI ESTADUAL 13.541. Disse também que o fiscal responsável já havia passado pelo estabelecimento e explicado que naquele lugar, mesmo varanda, a cigarrança não era permitida.
Conclusão: o próprio dono do café é conivente com a falta de educação/respeito. Foi a própria garçonete que deu o fósforo que acendeu os cigarros da família da fumaça. Foi a última vez que pisamos lá.